terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Ainda Danrlei

De Deus e do Grêmio. Por Felipe Sandrin12/12/2009-


Ninguém chorava como ele, ninguém vibrava como ele, ninguém nem mesmo lutava tanto pelo Grêmio como ele. Perdi as contas de quantas vezes trocou chutes e socos com quem ousasse difamar ele ou seu clube de coração. Herói de uma geração, ícone de qualquer gremista. Sem dúvida alguma, a década de 90 foi dele. E quem o viu jogar, defender as cores do Grêmio já sabe desde o início que me refiro a Danrlei.Havia quem não gostasse de seu temperamento rude e agressivo, sempre houve quem discordasse da violência com que ele resolvia tudo dentro de campo. Porém, nunca houve quem duvidasse de seu amor pelo Grêmio. Danrlei batia, xingava, declarava guerra a qualquer um que ostentasse injúria ao clube. Danrlei era um predestinado, nasceu com dois incríveis dons: o primeiro, de conseguir ser magnífico como goleiro; o segundo, de ser declaradamente, acima de tudo, gremista. Danrlei matava e morria pelo Grêmio. E se hoje em dia alguém pensar que por não jogar mais no clube ele se tornou menos gremista, que tente pronunciar ironicamente a palavra Grêmio a seu lado: a resposta vira imediata em seu conhecido olhar desafiador.Danrlei era o perfeito jogador-coração, chegou a servir a Seleção Brasileira algumas vezes, mas era notório que sua verdadeira força estava nas três cores do Grêmio. Nos clássicos Gre-Nais, tornava-se fácil perceber que, para ele, nunca era apenas uma questão de ganhar e perder: havia muito mais em jogo. Danrlei nasceu goleiro; mas se houvesse nascido atacante, seria certamente, até hoje, o artilheiro isolado do clássico. Quando nasceu, no dia 18 de abril de 1974, herdou o nome que o tornava cervo divino, justiceiro e guerreiro das causas nobres, pois por mais que Danrlei tenha se envolvido em confusões durante sua carreira, nunca estas foram em vão: cada golpe que por ele foi dado era acompanhado de suas crenças, seus braços eram punhais das causas justas – e mesmo que estas não fossem acabavam se tornando mediante a paixão que lhe movia.Nunca houve jogo perdido para Danrlei, nunca houve bola impossível, nunca faltou-lhe coragem ou bravura, e o porquê é simples: Danrlei lutava pelo que acreditava, ele lutava pelo Grêmio, um Grêmio que ele aprendeu a amar, um Grêmio pelo qual mais do que jogador ele se tornou torcedor. O que fazíamos nas arquibancadas, Danrlei fazia em campo. Ele era nossa voz, nossos gestos, ele era nossa indignação quando nos sentíamos roubados e difamados. Danrlei era pura emoção e por isso se tornou, além de ídolo, herói, um exemplo do que é ser um torcedor de verdade, disposto a dar o sangue e o suor para ver seu clube campeão. Foram 10 anos, 594 jogos de dedicação total ao Grêmio. Suas heranças para nós? Três Copas do Brasil, Campeão Brasileiro, da Libertadores, da Recopa Sul-Americana, ao todo foram 14 títulos, uma marca nunca alcançada por jogador algum que vestiu nossa camisa. Mais do que um ótimo goleiro, mais do que um papa-títulos, mais do que um rosto em pôsteres que hoje preenchem paredes no mundo todo, Danrlei é prova viva que time algum vive apenas do talento e habilidade de seus jogadores. Para ser campeão necessita-se algo mais: necessita-se um coração que lute pelo que acredita.Danrlei de Deus Hinterholz, com força e garra de um guerreiro, com desejos e sentimento de um torcedor, simplesmente Danrlei do Grêmio: ou alguém duvida?

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