sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Carta ao Passado

Peço para que algum viajante no tempo, de passagem por 2010, que por ventura esteja indo para uns 10 anos atrás, entregue esta carta para mim. Estarei no bairro Capão da Cruz em Sapucaia.

“Fala Bonatto,

Aqui é tu mesmo, direto de 2010. Vou ser curto e grosso. Em um momento de angústia tive que te (me) escrever esta carta por descarga de consciência. Quero te falar do Grêmio aqui em 2010. Não vou te aporrinhar com coisas que acontecerão neste meio tempo que nos separa. Acredite, tu não vai querer saber. Só uma dica: comemore MUITO a Copa do Brasil de 2001. Enfim, vamos lá:

O Grêmio não é mais o Grêmio. É apenas uma estrutura que mantém este nome, formada por dirigentes broxas para comandar futebol, um conselho omisso e sanguessuga, sócios perdidos na falta de opção, jogadores sem causa, raça, vergonha e indignação comandados por um técnico sem ambição e sem coragem nem para o óbvio.

Tu vai ter que assistir tudo isso na seca, pois tiraram a cerveja dos estádios anos atrás.

O rival chegará ao segundo mundial sem técnico, sem goleiro, sem precisar ser copero, sem precisar ganhar a Libertadores. Só na base do saldo qualificado e uma invejável força nos bastidores.

Comece a prestar atenção em jogadores reservas do São Paulo e Avaí. Não questione o porquê de fazer uma coisa idiota como essa, vai ser útil, inútil, sei lá. Apenas faça isso.

Esqueça aquilo que tu conhecia como Super Copa dos Campeões da América ela não vai mais voltar. Isso foi extinto antes mesmo da sua banalização. Hoje temos a Copa Sul-americana, uma forma de comemorar vaga a Libertadores tendo uma taça como desculpa. Agora em 2010, Jogadores e dirigentes disso que tu conhece na tua época como Grêmio, vão priorizá-la, vão com tudo, sangue nos olhos. Demonstrarão essa vontade toda com um empate contra o Goiás na estréia.

Uma futilidade, mas tenho que te contar para descontrair. Sabe o Loco Abreu, que uns dois anos atrás da tua época se machucou cobrando um pênalti? Levou o Uruguai às semifinais da Copa do Mundo com uma cobrança de cavadinha. É sério.

Vai se despedindo do Olímpico (hoje também chamamos de Velho Casarão), pois está começando este mês as obras do novo estádio, uma arena que promete ser a mais moderna da America Latina. Só não me pergunte o que vamos disputar nela.

Tua filha está linda e indo bem na escola. Mas tente fazer algo agora que ela é nenê para incutir algum gremismo no subconsciente dela para me facilitar as coisas aqui em 2010. Tu vai te separar e ela será levada para quase 400 km de ti. Com essa distância, vendo ela quase que só nas férias escolares, mãe e avô colorados, mais os acontecimentos e não-acontecimentos dos últimos 10 anos, está cada vez mais difícil reverter.

Mais uma coisa. Por mais que as leis do tempo digam que não se pode interferir em decisões tomadas (vai ter um filme chamado “Premonição” que te explicará melhor) vou ter que te dar uma dica: Nem que o Fábio Koff te peça pessoalmente, vote num cara chamado Duda Kroeff.

Bom era esse meu desabafo, por mais que tu não acredites em metade do que te escrevi, me sinto um pouco melhor. Vou me despedindo agora, pois tenho que ir ali levar o poste para mijar no cachorro.

Cristian Bonatto, Sócio Gremista de Sapucaia, escreve as sextas no Blog do Torcedor do Grêmio.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Empate sem Gols

O clássico 382 iniciou com disputas intensas na faixa central do campo. Enquanto as ações se desenvolviam entre as intermediárias, devido à forte marcação exercida por ambos os times, os goleiros apenas assistiam ao confronto.

Sandro em disputa com Borges - Foto: Jefferson Bernardes/VIPCOMMO primeiro chute em gol foi acontecer somente aos dez minutos, quando Hugo arriscou do bico da grande área pela esquerda e mandou por cima. A resposta colorada veio em seguida, aos 14, da mesma forma. Da meia-direita, Giuliano igualmente concluiu por cima.

Porém, antes, quando o cronômetro do árbitro paulista Sálvio Spinola apontava quase dois minutos, a torcida gremista esteve perto de comemorar pela primeira vez. Índio errou ao tentar deixar a bola passar para Renan dentro da área pela direita de ataque, Douglas se antecipou e cruzou, mas Bolívar tomou a frente de Borges e evitou a abertura do escore.

Com 20min, Renan trabalhou pela primeira vez ao segurar com tranquilidade a batida fraca de Jonas da entrada da área pela esquerda. No lance seguinte, Maylson recebeu pelo lado oposto e emendou pela linha de fundo. E aos 25, quando o Grêmio parecia se impor sobre o rival, ganhou do marcador, avançou quase até a pequena área pela esquerda e mandou cruzado sem que ninguém aparecesse para marcar.

Jonas foi o tricolor que mais tentou o gol no clássico 382 - Foto: Jefferson Bernardes/VIPCOMMApós se sentir ameaçado, o Inter tentou mostrar força ofensiva, porém, conseguiu exigir de Victor apenas três fáceis intervenções. Aos 32 minutos chegou a balançar a rede na cabeçada de Everton. Entretanto, corretamente a arbitragem assinalou falta na subida do camisa 9.

No último lance do primeiro tempo, com 45min, Rafael Marques deu um balão para o ataque, Rodrigo escorou de cabeça na risca da grande área para Borges concluir livre, da marca penal, para fora.

Para a etapa final, Celso Roth optou por preservar Índio mandando a campo Fabiano Eller. E logo com dois minutos em seu primeiro Gre-Nal no Beira-Rio, o zagueiro viu Renan salvar o time vermelho ao espalmar com a ponta dos dedos o chute cruzado de Maylson para escanteio. Aos seis, Sandro quis dar o troco, mas da entrada da área isolou por cima.

Em mais um dos vários lances disputados, Giuliano briga com dois gremistas - Foto: Jefferson Bernardes/VIPCOMMO equilíbrio demonstrado desde o apito inicial prosseguia e, antes que o técnico Celso Roth trocasse Bruno Silva (17min) e Andrezinho (24) por Daniel e Taison, Giuliano chutou de dentro da grande área pela esquerda para Victor espalmar aos 15.

Praticamente ao mesmo tempo, Silas também mexeu no seu time por duas vezes. Aos 20 e 24min sacou Maylson e Ozeia para promover os ingressos de Edilson e Willian Magrão.

Feitas as modificações, foi do Grêmio a grande chance de tirar o primeiro zero do placar. No escanteio cobrado por Douglas da esquerda, Hugo cabeceou e Renan saltou com grande agilidade no seu canto direito para colocar pela linha de fundo.

Com o Internacional tentando exercer pressão, o treinador tricolor trocou Borges por Souza aos 39 minutos. A esta altura, Taison já havia experimentado Victor mais uma vez e Rodrigo salvado de cabeça um levantamento da direita que Sobis não alcançou.

Aos 41, foi a vez de Jonas testar Renan e no minuto seguinte Taison voltou a assustar ao arrematar de longe e ver a bola passar perto do ângulo do camisa 1 tricolor. Foi a última oportunidade clara de algum time sair vencedor do primeiro clássico válido pelo Brasileirão.